Sem-Teto ocupam área no Jd. Eldorado em Diadema

Pelo menos 100 pessoas ocuparam um terreno no Jardim Eldorado, em Diadema, no início da madrugada de ontem. Organizados, os integrantes do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) levantaram acampamento em área de aproximadamente 50 mil metros quadrados na Avenida Pirâmide.

A Polícia Militar foi chamada no início da manhã, mas não houve enfrentamento.

Durante o dia, mais pessoas chegaram e, no final da tarde, já havia perto de 200 famílias acampadas, segundo um dos líderes do grupo, Paulo Roberto de Melo, 28 anos. “Tem gente que sai para trabalhar ou para tomar banho na casa de parentes e depois volta para dormir aqui”, explicou.

Muitas das pessoas que aderiram ao movimento vivem de aluguel, mas afirmaram que o valor pago é incompatível com o salário. “Pago R$ 270 de aluguel e estava com quatro meses atrasados. Foi o MLB que me ajudou a pagar pelo menos três porque meu trabalho como costureira não dá para ganhar muito”, revelou Rita Maria da Costa Santos, 51, encarregada da cozinha no acampamento.

O proprietário do terreno invadido – um empresário do segmento termoplástico – registrou boletim de ocorrência no 1º DP.

O secretário da Habitação de Diadema, Márcio Vale, se comprometeu, por telefone, tanto com a Polícia Civil quanto com integrantes do MLB visitar o acampamento hoje para conversar sobre propostas de moradias para as famílias.

O movimento acredita que possível reintegração não acontecerá até amanhã. Mas, segundo Melo, as manhãs são instantes de apreensão, já que a retomada dos terrenos acontecem, geralmente, a partir das 6h. “Somos pacíficos, mas queremos ficar no terreno ou, então, que a Prefeitura ou Estado cedam espaço para construção de moradias para essas famílias.”

Elizabete Nunes do Amaral, 67, é uma das acampadas. Ela assumiu a criação de três netos depois que a filha morreu vítima de bala perdida no Jardim Inamar, em Diadema, há 13 anos. O genro perdeu a vida em um acidente de carro no ano seguinte.

Elizabete ganha cerca de R$ 150 por mês como catadora de material reciclável e não tem condições de pagar aluguel. “Não tenho um lugar só meu para morar. Tem muita gente trabalhando como catador e sobra pouco para pegar na rua”, reclamou.

Fonte: Diário do Grande ABC