A solução de pequenos problemas do cotidiano que incomodam grande parte da população pode ser mais simples do que se imagina. Desentendimentos entre vizinhos, discórdia sobre excesso de barulho, infiltrações alheias, latidos de cachorros. Pormenores que às vezes se arrastam por anos podem ser mediados por profissionais que têm preparo especial para lidar com situações de divergência.
Desde 2006, o programa de Mediação de Conflito de Diadema já atendeu 826 casos como esses, sendo que 60% resultaram em um acordo pacífico entre as partes.
O serviço foi implantado após o Observatório Municipal de Segurança ter constatado que 80% das vítimas de homicídios daquele ano foram motivadas por razões banais, além do fato de que assassinos e vítimas moravam a até um quilômetro de distância, o que demonstrou que em grande parte dos casos os envolvidos se conheciam.
Atualmente, os motivos mais comuns para a procura do serviço na cidade são infiltrações em residências, som alto, ameaças e inquilinos que não pagam aluguel.
A Mediação de Conflitos integra um dos 17 compromissos do 2º Plano Municipal de Segurança, que busca reduzir a violência no município e difundir a cultura de paz como alternativa para resolução de atritos familiares, comunitários e sociais.
Os mediadores têm o papel de facilitar o diálogo entre pessoas que tenham manifestado intenção de acordo, de forma que as relações pessoais possam ser restauradas e mantidas ao longo do tempo em um ambiente mais saudável.
O programa é coordenado desde 2008 por Maria Aparecida Luz, a Cida, que também atua como mediadora. Ao todo, quatro pessoas são responsáveis por mediar os encontros, entre eles, dois guardas civis da cidade. A capacitação desses profissionais foi feita na abertura do programa por uma empresa especializada em consultoria psicológica, que teve o papel de identificar indivíduos com o perfil desejado para a função. O curso foi destinado aos guardas civis da cidade, lideranças comunitárias e religiosas, técnicos das secretarias municipais, membros dos conselhos municipais e polícias Civil e Militar.
“O intuito é fazer com que os vizinhos tenham boa convivência. Estamos colaborando para que as estatísticas de violência não aumentem futuramente. Gosto do meu trabalho e me identifico com o munícipe que vem até aqui. Procuramos ser o mais agradável possível para conquistar a confiança deles e também para que percebam que não estamos a favor de ninguém”, explicou a coordenadora.
Fonte: Diário do Grande ABC