Um projeto coordenado pelo professor Dr. Thiago André Moura Veiga, do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), campus Diadema, deverá contribuir para a redução do impacto ambiental em áreas de mineração e na ampliação da biodiversidade destes locais. A pesquisa está prevista para começar em fevereiro de 2011e deve durar quatro anos.
O projeto será focado na obtenção de substâncias naturais nocivas a plantas infestantes presentes em solos minerais na Mina do Sossego, localizada na região de Canaã dos Carajás, no estado do Pará. Estas plantas, de alta rusticidade, absorvem grandes quantidades de água, luz e nutrientes do solo, impedindo o crescimento de outras espécies vegetais no mesmo local.
“Pretendemos identificar o potencial fitotóxico de raízes e fungos que vivem dentro dos tecidos vegetais obtidos em áreas de mineração com o intuito de aplicá-los na ampliação da biodiversidade”, explicou o professor da Unifesp. “Com isso, será possível o desenvolvimento de novas espécies vegetais que poderão auxiliar na remoção de metais do solo e tornar o ambiente mais adequado para a germinação de espécies importantes na recuperação do solo por meio da própria vegetação”, complementou.
Metabolismo – De acordo Veiga, alguns relatos mostram que metais presentes no solo podem alterar o metabolismo dos vegetais, aumentando ou diminuindo o potencial nocivo de substâncias produzidas e liberadas pelas raízes dos vegetais. Deste modo, os pesquisadores pretendem recuperar as áreas por meio da fitorremediação, que consiste no uso de plantas para remover ou tornar inofensivos ao ecossistema contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes no solo e na água.
As substâncias obtidas durante o trabalho serão isoladas, identificadas e submetidas a uma série de reações que esclarecerão os mecanismos de ação dos possíveis herbicidas. As substâncias poderão ser aplicadas em campo, que poderão ou não sofrer modificações estruturais para sua utilização.
O projeto tem apoio do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Vale S.A. e integra a rede Biodiversidade e Controle Ambiental (BCA), criada com o objetivo de melhorar as condições ambientais e reduzir o impacto de operações da Vale S.A e por outras empresas de sua cadeia produtiva. O grupo pretende, a médio e longo prazo, desenvolver novos herbicidas que possam ser explorados comercialmente.
A formação da rede, composta por pesquisadores da Unifesp, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Pará (UFPA) permitirá, ainda, criar condições básicas para novas pesquisas e maior cooperação entre as instituições da rede, bem como formar recursos humanos especializados que deverão atuar nas áreas de pesquisas propostas tanto na Vale S.A. quanto em outros setores.
Fonte: Jornal ABCD Maior