Diadema busca área para 900 famílias

A Prefeitura de Diadema busca terrenos para abrigar aproximadamente 900 famílias que vivem às margens da Rodovia dos Imigrantes. O anúncio foi feito ontem, durante reunião entre o prefeito Mário Reali (PT) e o secretário estadual de Habitação, Silvio Torres, que também preside a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

A primeira reunião entre técnicos da administração e da companhia para tentar buscar uma solução será na quarta-feira.

Segundo o chefe do Executivo, atualmente, 1.100 famílias habitam de forma irregular áreas próximas ao traçado da rodovia, que pertencem à Ecovias (concessionária que administra a via).

“A necessidade da remoção se dá pelo risco geológico, como deslizamentos, e a segurança rodoviária”, explica Mário Reali.

O prefeito informa que não irá retirar os moradores antes da definição de um local para abrigá-los. “Como estas áreas não têm risco iminente, as desapropriações não são tão urgentes, por enquanto.” Nesta semana, a Prefeitura removeu 18 famílias do Jardim Ruyce, onde um incêndio ocorrido no dia 2 de janeiro destruiu 23 barracos. As famílias estão em um ginásio de esportes.

O presidente da CDHU garantiu que irá ajudar a administração municipal com recursos para a construção de conjuntos de moradias. “Nós assumiremos a responsabilidade pelos custos do terreno. Cabe à Prefeitura buscar também recursos do governo federal”, informa Torres.

Reali, que segunda-feira assume a presidência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, diz que irá buscar soluções integradas para acabar com o déficit habitacional, que, segundo ele, é de cerca de 4.000 casas em Diadema. “Temos de buscar soluções conjuntas. Um município pode ajudar o outro.”

OUTRAS CIDADES – Após encontros com Reali e com o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), Torres anunciou que marcará reuniões com os outros prefeitos da região para buscar soluções para a falta de moradias. A conversa com o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), deve ser feita na próxima semana. No município, seis pessoas já morreram por conta das chuvas desde o início do ano.

Rodovia já não incomoda os moradores

O barulho e a poluição causados pelo fluxo intenso de veículos na Rodovia dos Imigrantes já não incomodam os moradores do Jardim Ruyce, comunidade instalada às margens da via que liga a Capital à Baixada Santista. Os residentes dizem já ter se acostumado com os vizinhos barulhentos.

“No começo eu tinha muita dificuldade para aguentar, não conseguia dormir. À noite, deixava tudo fechado para amenizar o ruído. Hoje já nem ligo mais”, conta a aposentada Antônia Tessila, 66 anos. Questionada sobre a poluição, ela não manifesta queixas. “Poluição tem em todo lugar, não é só aqui”.

Apesar de ter se acostumado com o local, a aposentada confessa ter vontade de se mudar. “Todo mundo quer ir para um lugar melhor, né? É normal. Mas não quero que me tirem daqui sem que eu tenha para onde ir”, conta Antônia, que reside no local há seis anos.

Fonte: Diário do Grande ABC