Ilustre, Hernanes retorna a Diadema para homenagem

O volante Hernanes, 26 anos, não era famoso nos tempos em que frequentava os campinhos de terra batida no futebol amador da cidade de Diadema. Ele voltou na sexta-feira à cidade para curtir as homenagens das autoridades esportivas locais e até mesmo da Polícia Militar. O badalado craque da Lazio recebeu camisetas de equipes do município. Uma delas das mãos do presidente da liga, Marcos Ferreira da Silva, o Marquinhos, que comandou a concorrida cerimônia.

A placa de prata entregue pelo mestre Dirceu Maluza, o primeiro técnico dele na escolinha rumo ao profissionalismo, emocionou-o demais. Passava humildade. Nem parecia que o ídolo da torcida italiana subiu como nunca na carreira.

ASSÉDIO

Tudo aconteceu em uma pequena sala da entidade lotadíssima de fãs que lá compareceram para reverenciar a ilustre personalidade. “É como se o Hernanes fosse filho de nossa terra”, justificou Marquinhos, ao elogiar o comportamento exemplar do ex-volante da Seleção Brasileira (e atual meia na Itália), que frequenta Diadema desde a época dos jogos de várzea na periferia. Pelo menos até que transferisse para o circuito europeu. “É um garoto humilde, que não mudou o jeito simples de antes”, observava o dirigente, ao vê-lo sorrir meio sem graça à platéia que o aplaudia.

HONRARIA

Apesar da habitual timidez, Hernanes agradeceu a tantas manifestações de carinho. “Saibam vocês que me sinto honrado. Nem sei como como retribuir. Isso me deixa muito feliz”, assumia o personagem da manhã naquele ambiente solidário. Abraços, cumprimentos, poses para fotos e autógrafos concedidos especialmente às crianças que procuravam assediá-lo. Enfim, as imagens não mentiam. Lá estava o herói daquelas crianças.

NO BRUNÃO

Não há como desvincular o currículo de Hernanes do Grande ABC. Em 2006, o São Paulo decidiu empresta-lo ao Santo André, que surprendentemente o manteve na reserva. Às vésperas de retornar ao Morumbi, porém, Ruy Scarpino fixou-o como titular. A indiferença dos treinadores que ignoraram o talento do ex-tricolor não chegou aparentemente a magoar o dono da nova bola da Lazio, que agora preferiu a diplomacia ao abordar a sjuposta humilhação.

“Aquilo (o esquecimento no banco de suplentes) só me ajudou a crescer na vida pessoal e profissional. Não desanimava. Ao contrário: serviu como estímulo para que eu vencesse as dificuldades. Pensava comigo: puxa, se eu não puder vestir esta camisa, como é que vou retornar ao São Paulo? Ou jogo aqui ou em lugar algum. Reconheço que o Santo André teve muita importância para o meu futuro na carreira. Sou grato ao clube”, amenizou ele.

SELEÇÃO

Quanto à ausência na recente lista de Mano Menezes para definir o Brasil da Copa América, em julho, na Argentina, Hernanes admitiu que a expulsão diante da França, no amistoso de fevereiro, em Saint-Denis, o tenha prejudicado. Aos 39 minutos do primeiro tempo, ele cravou a chuteira no peito de Benzema.

“É possível que sim. Mas não acho que o meu cartão vermelho nos levasse à derrota (1 a 0). Já vi times utilizarem só dez em campo e mesmo assim ganharem. Mas, se eu evitasse aquilo, talvez não ficasse agora de fora”, afirmou o atleta.

SONHO

Hernanes mantém o sonho de reaparecer na lista de Mano. Ele negou que o treinador o tenha repreendido. “Não brigamos. Só falou que jogadas como a minha e aquela do Douglas (perdeu a jogada e permitiu o contragolpe no gol argentino) atrapalham as grandes equipes. Mas ficou tudo bem. Vou batalhar para recuperar meu espaço na Seleção. Sempre fui de muita luta. Não sei desistir”, avisou.

Fonte: Diário do Grande ABC