De novo, funcionalismo de Diadema diz ‘não’ a Reali

O funcionalismo público da cidade de Diadema entra hoje no 13º dia de greve da mesma forma com que iniciou o movimento: sem nenhuma contraproposta do governo Mário Reali (PT) ante os 2% de reajuste salarial oferecidos (e rejeitados) há 20 dias. Assim, os mais de 300 trabalhadores que compareceram ontem à noite no Sindema (Sindicato dos Servidores de Diadema) votaram pela manutenção da paralisação.

Esperança de que o imbróglio entre Prefeitura e a categoria fosse resolvido, a reunião de ontem entre o Sindema e comissão do Executivo deu em nada. A administração petista apenas se comprometeu a aprimorar estudos sobre o impacto financeiro do pleito do Sindema, que cobra 11% de aumento.

“Tudo o que nos passaram foram projeções. Queremos que comprovem detalhadamente que os 11% comprometem o orçamento”, alertou a presidente do sindicato, Jandyra Uehara Alves. A mandatária estima que 3.200 trabalhadores estão de braços cruzados.

Hoje, técnicos do Paço e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos) se reúnem para efetuar a tarefa. O governo tem argumentado que o reajuste reivindicado não seria suportado pelos cofres municipais. Reali chegou a informar que o aumento de 11% fere a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), a qual prevê que os gastos com o quadro de pessoal não podem ultrapassar 54% da receita. O resultado do encontro será transmitido ao Sindema amanhã.

Entre os 15 itens da pauta de reivindicações do funcionalismo ainda estão isonomia salarial aos professores; formulação de plano de cargos e salários; e a concessão de vale-refeição. O último é o mais próximo de ocorrer, já que a Prefeitura informou que não renovará o contrato com a SP Alimentação (empresa fornecedora das refeições), que vence em setembro.

Aliados do prefeito articulam candidatura

A um ano e dois meses do início da eleição, a preocupação do prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), está mais voltada para os aliados do que para os adversários. Alguns partidos de peso que estão com o governo avaliam a possibilidade de, juntos, lançar candidatura própria. O vice-prefeito da chapa, inclusive, já estaria definido: o presidente da Câmara, Laércio Soares (PCdoB).

No bloco da aliança governista que pode virar concorrente no ano que vem estão PSB, PRB, PSC e PTB, partidos que o apoiaram para chegar ao comando do Legislativo no biênio 2011-2012.

“Estamos estudando as possibilidades coletivamente. O quadro na cidade está complexo, temos de avaliar o que é melhor para nós, saber qual espaço teremos para agir. Tratamos essas questões internamente, mas não há nada definido. O que tenho pedido ao grupo é calma no processo, pé no chão”, discorre o comunista, que pode tanto ser vice de uma aliança de terceira via (PT e PSDB são as duas candidaturas garantidas até agora), quanto estar no arco de alianças da reeleição de Reali.

Outras duas grandes legendas também inclinam para a chapa alternativa que se desenha: PMDB e PV. “São parceiros fundamentais. Vamos trabalhar para estar todos unidos em possível candidatura. Seria importante para Diadema ter mais pleiteantes, mas o caminho é longo até ser consolidada”, avalia Laércio.

Ao mesmo tempo em que faz panorama cauteloso sobre a ventilada mudança de lado das siglas que hoje dão sustentação à gestão petista, o presidente da Câmara ressalta que os vereadores terão papel preponderante no resultado da eleição no ano que vem.

“Qualquer que seja o resultado (das conversas), o Legislativo está fortalecido politicamente e será decisivo”, observa.

Aos mais próximos, os parlamentares e dirigentes partidários envolvidos nessa articulação têm manifestado a intenção de ‘varrer” o PT do poder. Ainda que permaneçam na base de apoio ao governo para ganhar certa musculatura e, posteriormente, alçar o desejado voo conjunto para a outra banda (oposição).

MICHELS

Para alguns políticos da região, principalmente os petebistas, a terceira via mais próxima de ser concretizada no momento é a candidatura a prefeito do vereador Lauro Michels (PSDB), pelo PTB. Porém, no grupo de aliados que podem virar adversários de Mário Reali o nome do tucano não tem grande aprovação. Tanto que seu ingresso nas fileiras petebistas está, por ora, suspenso.

Fonte: Diário do Grande ABC